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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

MÉRI - MUSEU ETNOGRÁFICO RESISTÊNCIA INDÍGENA

MÉRI - Na língua Bororo significa SOL; tempo astronômico. Também é um Bakaru, uma representação sagrada cujo complementação (companheira) é Ári  (a Lua). Na cultura Bororo, os seres se completam com os opostos que os integralizam.

Esta nova denominação do blog está substituindo o antigo www.siriemabororo.blogspot.com.

Motivo:
O administrador do blog, antropólogo Prof. Dr. Paulo Augusto Mário Isaac, aposentou-se.
O Grupo SIRIEMA - Sociedades Indígenas - Identidade e Meio Ambiente foi desativado.
Durante 25 anos como professor da UFMT, ISAAC produziu vasto material etnográfico (cadernos de campo, artefatos de uso cotidiano dos indígenas, vídeos, fotografias e documentos) de sociedades indígenas de Mato Grosso, escreveu artigos e orientou estudantes do Grupo de Pesquisa do qual era o líder. Também participou de bancas e recolheu cópias de produções científicas, especialmente dos Bororo.
Todo esse material etnográfico vem sendo identificado, catalogado, classificado e agora, com a criação do Museu será disponibilizado ao público.
O Museu será inaugurado no dia 18 de maio de 2015 com grande programação pública.
Isaac construiu com recursos próprios uma casa que abriga a exposição dos artefatos indígenas e é o espaço de produção para difusão cultural do material etnográfico pertencente ao Museu.
O acesso a toda a sua produção será pública e administrada pelo Museu.
Em breve publicaremos novas informações.

Foto: Crianças Bororo da Aldeia Pobore no espaço escolar, A. I. Tadarimana, Rondonópolis. dez.2014. (C) Paulo Isaac

sábado, 28 de abril de 2012

ÍNDIOS BORORO PARTICIPAM DE CURSO BÁSICO DE CONTABILIDADE
Prof. Anderson, monitores estudantes de CIC e indígenas na UFMT,  no 1º dia de aula do Curso
Foto: Paulo Isaac, Rondonópolis, 28ABR2012.
Dez índios da etnia Bóe-Bororo da Área Indígena Bororo de Tadarimana participaram, neste sábado, do Curso Noções Básicas de Contabilidade, promovido pelo Prof. Ms. Anderson.
O primeiro dia do Curso foi ministrado por três estudantes do 2º ano do Curso de Ciências Contábeis: João Antonio O. Nascimento (matutino), Joaquim Pedro Campelo Conceição e Marcos Antonio S. da Silva.
Monitores João, Joaquim e Marcos.
Foto: Paulo Isaac, Rondonópolis, 28ABR2012
Os Bóe-Bororo se interessaram pelo Curso porque participam da Diretoria Executiva da Associação Pobo Koriréu Piji Indígena. Na língua portuguesa a palavra Bororo Pobo Koriréu Piji (lê-se: pidji) traduz-se por “deixar a aguardente”.  O nome fantasia: Associação Pagi Bororo (leia-se págui). Aprovado por unanimidade. Em português, a palavra Bororo pagi significa “nós”.
Membros da Associação Pagi Bororo, fundada em 19 de março de 2011
Foto: Paulo Isaac, Rondonópolis, 19/03/2011
O Diretor Administrativo e Financeiro da Associação Osvaldino Kuwogori Pijiwu foi um dos cursistas.
Osvaldino Kuwogori Pijiwu. Foto: Paulo Isaac - 28/04/2012
 O Diretor de Relações Públicas Julimar Bapo também participou com entusiasmo desse primeiro dia do Curso.
Jolimar Bapo. Foto: Paulo Isaac - 28ABR/2012
Os índios de Tadarimana foram à Universidade Federal na manhã deste sábado (28/04), para o Curso que ocorreu entre 8h e 11h, graças ao empenho de outro participante do Curso, o Coordenador da FUNAI em  Rondonópolis, o índio Bóe-Bororo Antonio Jukureakireu
Antonio Jukureakireu - Foto: Paulo Isaac - 28ABR2012

Os outros índios que participaram do Curso também são ligados à Associação ou  pertencem a duas outras aldeias da Área Indígena Tadarimana.
Leandro Uwobo - Aldeia Pobore
Foto: Paulo Isaac - 28ABR2012
Jerry Adriano Porio - Aldeia Praião
Foto: Paulo Isaac - 28ABR2012

No primeiro dia, os cursistas aprenderam os conceitos de contabilidade, bens, diretos e obrigações.  Também viram como a aquisição e a venda de bens geram obrigações e direitos.

Monitores ministrando o Curso. Foto: Paulo Isaac - 28ABR2012

Eliane Enimaré trouxe suas crianças, que não a impediram de fazer o Curso e, tampouco a atrapalharam.
Eliane Enimaré e filhos. Foto: Paulo Isaac - 28ABR2012
Outros participantes do Curso:
Aldioni Worirey. Foto: Paulo Isaac - 28ABR2012
Diorismar Ika Kaworu. Foto: Paulo Isaac - 28ABR2012
Geovane Borobó -  Foto: Paulo Isaac - 28ABR2012
Dentre os não índios que fizeram o Curso, participou o Secretário Municipal do Partido dos Trabalhadores e Prof. de História Juvenal Paiva da Silva. 
Prof. Juvenal P. da Silva - Foto: Prof. Paulo Isaac - 28ABR2012
No próximo sábado o Curso será realizado na Escola Indígena da Aldeia Central de Tadarimana, visando oportunizar que outros índios possam fazê-lo.


quinta-feira, 19 de abril de 2012



ÍNDIOS BÓE-BORORO DÃO LIÇÃO DE HOSPITALIDADE AOS BRANCOS QUE VISITARAM A ALDEIA TADARIMANA, RONDONÓPOLIS-MT NO DIA DO ÍNDIO

(c) Paulo Isaac, 19/04/2012
Banquete comunitário na Aldeia para comemorar o Dia dos Índios.
A pedido dos índios, os primeiros a se  serviram foram os visitantes.
A hospitalidade indígena encantou os estudantes universitários presentes.
Foto: Paulo Isaac



O dia 19 de abril foi marcado por uma festa no estilo tradicional em Tadarimana. 
Os professores da Escola Indígena Tadarimana Marcelo Alves Coguiepa, Cesar Rondon Amim, Sandro Tubaikare, Leandro Wabo, Luciene, Iolanda Silva Bakoro Kurireudo, Eliane Enemare, Maria Divina Arruda e Maria Lina Toríedo realizaram com as crianças indígenas uma exposição dos desenhos e das pinturas corporais clânicos e receitas de alimentos tradicionais. 
Painel com pinturas de sinais diacríticos clânicos Bororo feito pelas crianças
e professores da Escola Indígena Tadarimana. Foto Paulo Isaac

Prof. Indígena Marcelo Alves Coguiepa e a Coordenadora da Secretaria Municipal de Educação de Rondonópolis, Dulcelene Rodrigues Fernandes. Foto: Paulo Isaac
Profª Indígena Iolanda Silva Bakoro Kurireudo, organizadora do Banquete Comunitário do Dia do  Índio. Ela  começou essa atividade, no primeiro ano, em sala de aula. Quatro anos depois tornou-se um evento que envolve a Comunidade de todas as aldeias da Área Indígena Tadarimana. Foto: Paulo Isaac
Valdemar Borobó, professor indígena na Escola Toribugo da Aldeia Praião. Também organizou  uma exposição didático-pedagórico. Valdemar é um dos 5 profissionais da educação contratados em Rondonópolis, em 1997. Foto: Paulo Isaac
A produção dos professores e estudantes ficaram expostas o dia todo em duas salas de aulas da Escola e no palizado - local onde se realizam as festas na Aldeia Central.
Painel com vários trabalhos expostos em uma sala de aula. Foto: Paulo Isaac
O material exposto no Palizado foi feito pelos indígenas da Aldeia Praião. Foto : Paulo Isaac

Além das exposições as mulheres da Comunidade, coordenadas pelos professores, organizaram um banquete só com comidas típicas. 
Comidas típicas Bóe-Bororo. Foto: Paulo Isaac
Foto: Paulo Isaac
Peixe com massa de arroz. Foto: Paulo Isaac
Batata doce. Foto: Paulo Isaac
Além da presença de toda Comunidade, estiveram presentes estudantes e professores dos cursos de História e de Enfermagem da UFMT. 

Na chegada à Área Indígena. Foto: Paulo Isaac
Estudantes e professores da UFMT em frente a uma sala de aula da Escola Indígena de Tadarimana.
Foto: Maria de Jesus
Este ano, Tadarimana comemorou o 15º aniversário de construção da Escola na Aldeia.


Trabalhador executa pintura do prédio de alvenaria da Escola. Foto: Paulo Isaac
Pintor trabalhando no prédio de alvenaria da Escola. Ao fundo  vê-se o teto de duas salas de aulas da educação infantil feitas de palha. Foto: Paulo Isaac
Esteve presente na comemoração dos 15 anos de inauguração da Escola Municipal Indígena "Leosídio Fermal" de Tadarimana,  o ex-secretário de Educação João Graeff (1997), que foi responsável pela construção do prédio e pela contratação dos primeiros professores indígenas de Mato Grosso, dentro da realidade do Projeto Tucum, realizado entre 1996 e 2000. 
Em seu pronunciamento, o Prof. João Graeff destacou a luta da Comunidade para conseguir a Escola, em 1996, liderada por Eduardo Kogue, Moacir Coguiepa, Prof. Paulo Isaac e outros índios
Prof. João Graeff, em 1997 era o Secretário de Educação de Rondonópolis.
Ele foi o responsável pela construção do prédio de alvenaria e pela contratação dos primeiros profissionais da educação indígenas. De 1997 até hoje nunca mais a Prefeitura ampliou a Escola. Os índios construíram duas salas de palha para atender a demanda. Foto: Paulo Isaac
Prof. João Graeff, do Depto. de Educação da UFMT, Campus Universitário de Rondonópolis,  tomando a xixa Bóe-Bororo, Foto: Paulo Isaac
O Prof. Paulo Isaac, que tem os nomes Bóe-Bororo de Juredugo e Kudoro Kaworo, foi convidado a se pronunciar, pois foi ele, juntamente com as lideranças da Área Indígena de Tadarimana, quem liderou a construção da escola na Aldeia, e, 1995. Nos dias 11 e 12 de dezembro de 1995 foi realizado um Seminário sobre Educação na Área e os índios pediram a construção da Escola na Aldeia Central. A antiga escola ficava a 6 km do local de moradia das crianças. Paulo Isaac lembrou da importância de algumas pessoas no processo de construção da Escola: Profª. Terezinha Furtado de Mendonça (SEDUC), antropólogas Edir Pina de Barros e Renate Brigitte Viertler, Padres Gonçalo Ochoa e Mario Bordignon Enawueréu (SDB), Irmãs Catequistas Franciscanas Maria Ossemer e Valdina Tambosi, Profª. da UFMT Sílvia de Fátima Pilegi Rodrigues, a Equipe da SEDUC, principalmente a Profa. Laura e o Prof. Tonico.
Paulo Isaac falando sobre a História da Escola. Foto: Pr. José Roberto

O Prof. Paulo Isaac relatou a luta dos Bóe-Bororo para terem professores indígenas: quase ninguém acreditava que isso fosse possível. Hoje temos 13 professores na Aldeia e todos são indígenas. Nas outras aldeias também, só temos índios como professores. Os Bororo venceram, mas ainda temos muito a conquistar. Por exemplo, a Prefeitura precisa ampliar a Escola para atender a educação infantil, o ensino fundamento e o médio. Ainda temos salas construídas de palha e não temos internet na Área de Tadarimana. Mas, com a nossa união, nós vamos conquistar tudo isso. Disse: lembremo-nos que começamos com apenas três contratações: "Sílvio Mario Oikare, Maria Divina Arruda e Beatriz Kiga. Logo em seguida, Palmira e Valdemar. E hoje, só temos professores indígenas".
Sílvio Mário Oikare, primeiro professor indígena Bóe-Bororo de Tadarimana contratado pela Prefeitura  de Rondonópolis estava presente no banquete Comunitário do Dia dos Índios. Foto: Paulo Isaac
Antes de partilhar a refeição comuntária, cacique Cícero Kudoropa falou sobre os desafios que as sociedades indígenas do Mato Grosso terão daqui pela frente, com as propostas de mudanças constitucionais que ameaçam os direitos indígenas. 
Cacique Cícero Tarzan da Silva Kudoropa ao lado de sua esposa Profª  Iolanda e de outros profissionais da Educação que trabalham em Tadarimana. Foto: Paulo Isaac

O Coordenador da FUNAI, Antonio Jukureakireu, que também é índio Bororo, ressaltou a importância da festa tradicional e agradeceu a presença dos alunos da UFMT. Ele reafirmou o temor do Cacique com relação à supressão dos direitos indígenas. 
Antonio Jukureakireu, coordenador da FUNAI de Rondonópolis. Está preocupado com as mudanças legais que suprimem os direitos indigenas. Foto: Paulo Isaac
Depois do banquete comunitário Bóe-Bororo, a festa prosseguiu com a realização de atividades esportivas, no período da tarde. 

FOTOS DOS UNIVERSITÁRIOS NA ALDEIA









domingo, 1 de abril de 2012


BARÉGE E-KEDÓDU - O BANQUETE DAS FERAS

COURO DE ONÇA SENDO PINTADO PELOS MEMBROS DO CLÃ AIPOBOREGE
Foto: Francielen Costa dos Santos, Tadarimana, 29/03/2012

O Barége e-kedódu - banquete das feras - é também conhecido entre os brancos como ritual do couro de onça. É um ritual que compõe o funeral Bororo. Quando uma pessoa dessa etnia morre, um homem é escolhido como seu representante.  Sua obrigação principal é vingar a morte do representado, abatendo uma onça cujo couro será dado a um parente do defunto. Esta onça (adugo) será denominada o móri (vingança ou retribuição). 
No dia 27 de março de 2012, quinta feira, a Aldeia Indigena Central de Tadarimana, Rondonópolis, Mato Grosso, realizou um Barége e-kedódu. A Aldeia recebeu índios de várias áreas indígenas e a cerimônia foi comandada por três grandes líderes da cultura Bororo: Eduardo Kogue, Raimundo Itogoga e Antenor Katiréu Bakarae.
Foto: Francielen Costa dos Santos, Tadarimana, 29/03/2012

Os dias que antecederam o ritual foi de muita movimentação na Aldeia. As mulheres dos clãs Kiedo e Aipoborege trabalharam na fazer o aróe kuro: um alimento líquido feito com milho, arroz e açucar e que é servido às pessoas durante os rituais, sobretudo os homens que entoam os cantos cerimoniais. Algumas pessoas chamam essa "bebida" de chicha, todavia, ao contrário do que acontece em outras culturas, a chicha Bororo não contem alcool, nem é fermentada.
Guerreiro bebendo o aróe kuroFoto: Francielen Costa dos Santos, Tadarimana, 29/03/2012

As mulheres também preparam a pasta de nonogo (urucum) que é é utilizada para pintar o corpo dos protagonistas do cerimonial. Ela feita com nonogo, leite de mangava/mangaba, resina de uma árvore e óleo de cabelo. 

Foto: Paulo Isaac, Tadarimana, Rondonópolis, 29/03/2012
Os homens trabalharam fazendo os enfeites corporais dos protagonistas do cerimonial. O Clã Kie fez o pariko (cocar) usado por Juredugo Kudóro Kavóro (Paulo Augusto Mário Isaac).

Enfeites visto na parte frontal e nas costas. Representa os sinais diacríticos do clã Kie. O desenho no rosto representa o bico do tucano. As plumas pretas, amarelas e azuis são de pássaros ligados ao clã.

Fotos: Silvia de Fátima Pilegi Rodrigues, Tadarimana, Rondonópolis, 27/03/2012.


Muga Nadir Ika pintando Juredugo Kudóro Kavóro (Paulo Isaac)
Foto: Fábio Nobuo, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012.

Luiza Baguiago, irmã mais velha, desenhando o rosto de Juredugo Kudóro Kavoro
Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012
A pintura foi feita em frente a casa do clã, no lado norte da Aldeia, lugar da metade Ecerae
Enquanto as mulheres procediam a pintura, os homens começaram a cantar em frente à casa do finado, que era também do lado Ecerae. 
      Após a pintura corporal, Juredugo seguido pelos seus parentes do clã se dirigiram à casa do finado, em frente da qual os bakororo cantavam e as pessoas da comunidade os acompanhavam. Lá chegando, sentou-se na esteira sobre a qual estava o couro de onça
Foto: Francielen Costa dos Santos, Tadarimana, 29/03/2012

O outro e mais importante protagonista do ritual (ele é o representante do finado, o guerreiro portador do couro de onça), Vagner Iwaguduge Cereu chegou ao local acompanhado de pessoas do seu clã e portando em uma bandeja um colar com os dentes da onça e um par de braceletes.

Vágner sentou-se ao lado de Paulo Isaac, sobre o couro de onça. 
Foto: Francielen Costa dos Santos, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012.

            Sobre o couro de onça, além dos protagonistas, estava também a bandeja com os adornos de Vágner e uma Ika (flauta Bororo). 

                Após dois cantos, um homem pegou a Ika de cima do couro de onça e começou a tocá-la, caminhando para o lado oeste do pátio da aldeia, acompanhado por algumas mulheres.
                Em seguida, Vagner levantou-se do couro de onça e foi levado por uma mulher, para o lado direito, para banhar-se. Juredugo também o acompanhou e lhe foi jogada água sobre o corpo. 

Foto: Francielen Costa dos Santos, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012.
                Em seguida, os dois protagonistas voltaram a sentar-se sobre o couro de onça, com os rostos voltados para o lado oeste. Os bakororo voltaram a cantar.
                Neste momento, o tocador de Ika voltou, entregou o instrumento ao chefe da casa. Uma mulher, Jucila pegou o couro de onça e saiu correndo em direção ao lado oeste, no espaço Aipoborege, onde os membros da metade clânica Tugarege os esperavam. Colocou o couro sobre duas esteira, com o lado pintado para cima. Os homens deste clã começaram a enfeitar o couro, pendurando nele plumas de arara (kudoro) e gavião (urubuga). A pintura usada no couro foi feita com resina preta e tinta de urucum. Só os homens participaram da decoração.

Fotos: Francielen Costa dos Santos, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012.
                Terminada a decoração do couro, um homem baadojeba-Ecerae (Martin) colocou o Vagner sobre suas costas e correu carregando-o na direção leste, em frente a casa do finado. Juredugo e o resto da comunidade correu atrás.
Foto: Francielen Costa dos Santos, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012.
                Chegando em frente à casa do finado, os dois protagonistas sentaram-se novamente, agora somente sobre a esteira.
                Neste momento Vagner recebeu a pintura corporal e o corte de cabelo. 
Foto: Francielen Costa dos Santos, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012. 
                Em seguida, Vagner recebeu os ornamentos de braço e o colar com os dentes e garras da onça.
Foto: Fábio Nobuo, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012.
   Enquanto isso, Raimundo Itogoga, iedaga (padrinho) de Juredugo Kudóro Kavóro (Paulo Isaac) colocou-lhe o cocar.
Foto: Fábio Nobuo, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012.
Em seguida, Raimundo pegou um instrumento de cabaça e entoou um canto. Ao terminá-lo, o guerreiro recebeu um arco e flecha. 
Foto: Francielen Costa dos Santos, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012.
Os protagonistas dançaram, cada qual com uma mulher, ao som dos cantos cerimoniais.
 Foto: Fábio Nobuo, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012.
         Enquanto as duas mulheres dançavam, as mulheres mais velhas ensinavam a uma delas (a mais jovem) como eram os passos corretos e os movimentos dos braço. 

          No encerramento desse ritual, enquanto as pessoas dos clãs diretamente envolvidos foram às suas casas buscar os alimentos e bebidas a serem servidos para toda a comunidade, o restante dirigiu-se para o lado oeste do baito (casa grande, central da Aldeia). 
          Logo, chegaram as guloseimas que foram dispostas sobre esteiras.
  Bolinho de arroz, bolachas, pães, bebidas: aróe kuro, suco de uva e geladinho.  Foto: Fábio Nobuo, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012.
                 Os protagonistas ficaram entre a esteira com os alimentos colocados em bandejas feitas de palhas de babaçu e o baíto (casa central), com o rosto virado para o por do sol. Os membros da Comunidade os circundaram e as crianças ficaram mais próximas.
                Inicialmente as mulheres que ofereceram o banquete se dirigiram aos bakororo (cantores cerimoniais) e os levaram pelas mãos para servir-se. Eles e os dois protagonistas e os anciãos tiveram primazia. 
Foto: Fábio Nobuo, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012
          Depois, toda a Comunidade pode servir-se. A bebida mais concorrida foi o aróe kuro. Havia comida e bebida para todos se fartarem.
                Observou-se que a medida em que as pessoas eram conduzidas para se servirem, as outras gritavam alegremente, festejando.
                Terminado o banquete, as pessoas dispersaram. As mulheres recolheram as esteiras, bapos e restos de alimentos e bebidas e os levaram para suas casas.
                Neste momento, o bakororo Raimundo Itogoga recebeu o couro de onça, posicionou-se no centro da aldeia, com o rosto voltado para o sol poente e com as duas mãos segurando o couro pôs-se a cantar. Enquanto cantava, ele abanava com o couro, em uma postura frontal. A parte da estampa do couro estava voltada para baixo e a parte decorada para cima.
Foto: Francielen Costa dos Santos, Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012

Atrás, ficaram alguns homens e o restante da comunidade circundavam o bakororo. Em um dado momento, um parente do finado foi até Raimundo, pegou o lado esquerdo do couro e chorou copiosamente. Raimundo respeitou o gesto do parente do finado e, depois que ele se retirou, prosseguiu o seu canto cerimonial. Ao final de cada canto, os homens gritavam.
                Quando Raimundo terminou o ritual de canto, os homens todos gritaram e ergueram o braço direito com os punhos fechados (o sinal típico de vitória).
                Ao poucos as pessoas foram se retirando. As mulheres retornaram às casas, as crianças se espalharam pela aldeia para brincarem. Os homens, uns voltaram para suas casas e outros ficaram conversando no centro da aldeia.
                Na casa da muga Nadir, o clã esperava por Juredugo, Sílvia, Igor e os colegas da Universidade. A eles os Kiedo serviram carne assada e farinha.
                Aos poucos as pessoas foram embora.
                Já era noite em Tadarimana.

AMIGOS DE JUREDUGO QUE FORAM VER A COROAÇÃO E O RITUAL

Vitor, Jovelina, Alexandra, Sofia, Krisley, Fábio e Gilberto
Tadarimana, Rondonópolis, MT, 27/03/2012

2.       Adalto Vieira Ferreira Jr – pesquisador e bolsista – foi encarregado de fazer a filmagem com a filmadora amadora do Museu.
      Alexandra Pimentel de Lima – Estudante de História, participou do Ipáre, e foi  com função de fotógrafa. 
3.       Francielen Costa dos Santos – pesquisadora e bolsista – foi encarregada de fazer as anotações em caderno de campo.
       Prof. Ms. Fábio Nobuo – professor de Economia, foi como visitante e assumiu a função de fotografar com a máquina profissional do Museu.
4.       Gilberto Inácio da Silva – funcionário da UFMT e estudante de História, encarregado de fazer a filmagem com a filmadora profissional. 
       Igor Rodrigues Isaac - meu filho
       Jovelina Carlini Rocha – estudante de História, participou do Ipáre, e ficou encarregada de filmar com a filmadora amadora da UFMT. 
       Profa. Dra. Krisley Mendes – professor de Economia foi como visitante e forneceu vagas no seu carro para levar parte da equipe de trabalho.
            Profa. Dra. Sílvia de Fátima Pilegi Rodrigues – professora do Depto. de Pedagogia, deu suporte logístico aos outros trabalhadores. 
       Profa. Dra. Sofia Inês Niveiros – professora de Ciências Contábeis foi como visitante e forneceu vagas no seu carro para levar parte da equipe de trabalho.
5.       Vitor Pedrosa Mella – bolsista do Departamento de vídeo da UFMT e estudante de História, encarregado de dar suporte aos cinegrafistas e fotógrafos.
Sofia, Muga Nadir, Juredugo e Silvia. Na ponta Krisley
Igor é o menino com o boné na mão.
Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012
Francielen, de boné alaranjado. Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012


         

Adalto, de costas, filmando. Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012


Paulo Augusto Mário Isaac, em Bororo Juredúgo Kudóro Kavóro. Rondonópolis, Tadarimana, 27/03/2012
Foto: Sílvia de Fátima Pilegi Rodrigues