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sábado, 24 de setembro de 2011

ELEIÇÃO PARA O CONSELHO TUTELAR EM RONDONÓPOLIS-MT

©Paulo Isaac

                Domingo, dia 18 de setembro, fui votar. A eleição era para compor o Conselho Tutelar de Rondonópolis.
                Estranhamente, os moradores da vasta zona leste da cidade tiveram que votar na Vila Operária. Saí do Jardim Atlântico me perguntando: por quê?
                Chegando ao local de votação, fui assediado por muitos cabos eleitorais pedindo votos para os seus candidatos. O estranho, porém, eram os argumentos de alguns deles: essa é candidata do vereador “x”, aquela é do “y”, esse é candidato do candidato a prefeito “w”, esse é da turma do “z”. Carros chegavam e saiam trazendo e levando eleitores e, juro, não eram veículos da Justiça Eleitoral. E, mais, o serviço era personalizado: os “caronas” eram acompanhados até a boca da urna por pessoas ligadas aos candidatos (...), como eu poderia classificá-los? Candidatos poderosos? Não, não pode ser; afinal estavam disputando um emprego. É, talvez pudessem ser classificados como asseclas de algum poderoso, mas isso eu não tenho como provar. Então, deixa pra lá, vamos dizer que eram cabos eleitorais de candidatos sem classificação.
                Agora, seria hilária, se não fosse trágica, a cena da chegada de um caminhão com a carroceria aberta e cheia de gente para votar. Por favor, caro eleitor, não se apresse em criticar a Justiça Eleitoral ou a Vara da Infância e da Juventude por transportar pessoas inadequadamente. O caminhão não era pago pela Justiça. O certo é que pessoas não podem ser transportadas daquela forma. A menos que sejam indígenas – porque os índios não são transportados como gente pelo poder público – e isso eu posso provar.
                Votei, mas confesso que fiquei insatisfeito. Presenciei uma prática eleitoral com visível suspeita de abuso do poder econômico e político. Eu disse suspeita, apesar de que até mesmo eu duvido que tenha havido tal prática, afinal a Vara da Justiça não iria permitir tamanho descalabro.  A Promotoria Pública teria tomado providências para evitar e punir irregularidades.
                Ao final, minha pergunta inicial continua: por que os moradores dos bairros da zona leste tiveram que votar na Vila Operária, suposto reduto de alguns candidatos, não só ao Conselho Tutelar. Entretanto, as minhas indagações aumentaram: quem fiscalizou aquela eleição? As pessoas que supostamente abusaram do poder econômico estavam em busca de uma função social nobre ou de um emprego a ser conseguido por meio de um “vale tudo, só não pode perder”? Para que algumas pessoas querem ser ser conselheiras tutelares da infância e da juventude? Para o seu próprio sustento ou para dar sustentação a campanhas políticas eleitorais futuras? Ou seria para as duas coisas? Mesmo que nem todos os eleitos tenham utilizado de expedientes, digamos, de ética duvidosa, como o Conselho Tutelar terá moral para agir em defesa da justiça e da Justiça?
                Ah, e depois tem gente que defende a redução da idade para imputabilidade penal.
                É como diz a “velha medonha”, Dona Salomé, da novela Morde e Assopra: mas, que prejuízo!             

UFMT: O RETORNO

©Paulo Isaac

           
            A greve dos professores da UFMT teve seu início no dia 23 de agosto.
            O acordo entre o ANDES – Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior e o MEC – Ministério da Educação, fechado no dia 04 de setembro, não encerrou a greve no Campus de Rondonópolis porque, além da pauta nacional de reivindicações, havia uma pauta local.
            A ADUFMAT – Associação dos Docentes da UFMT/Campus de Rondonópolis apresentou à Reitoria as suas reivindicações, dentre elas: autonomia administrativa e financeira do Campus; concurso para docentes e servidores técnicos administrativos; aparelhamento de laboratórios; construção de salas de trabalho para os professores e de aulas para os estudantes; criação de creche para os filhos de estudantes, professores e servidores técnicos administrativos; compra de uma fazenda experimental para os cursos voltados à produção agrícola e animal e articulação com a Prefeitura Municipal de Rondonópolis para o funcionamento do Centro de Agricultura Familiar.
            A Reitora Profa. Dra. Maria Lúcia Cavali Neder esteve em Rondonópolis e reuniu-se com a Comissão de Greve da ADUFMAT, formada para conversar com ela. Segundo os integrantes da referida Comissão, a conversa não foi amistosa. A Reitora foi ríspida com os docentes, não respondeu todos os problemas colocados e mais falou do que ouviu. Por outro lado, ela aceitou negociar a independência administrativa e financeira do Campus, comprometeu-se a apoiar nossa luta pela criação da UFR e comprometeu-se a dar os encaminhamentos necessários aos pontos da pauta que lhes foram apresentados.
            Considerando que houve abertura de negociações e a indicação de uma agenda de trabalho para solução dos problemas, não havia mais motivos para a continuidade da greve. Assim, os professores e estudantes retornam às suas atividades no dia 19 de setembro. No entanto, os docentes decidiram manter-se em “estado de greve”, ou seja, caso os problemas não sejam resolvidos os docente voltam a paralisar suas atividades.
            Baseados na pauta de reivindicação, a assembléia dos professores criou cinco grupos de trabalho: 1) GT de Autonomia Financeira – está fazendo o levantamento dos dados e dos critérios para o cálculo do valor a ser repassado para o Campus; 2) GT Gestão/Administração – está verificando quais são os processos encaminhados pelo Campus para a Sede e que não foram atendidos até o presente momento; 3) GT Questões Acadêmicas – está identificando os problemas que afetam o ensino, a pesquisa e a extensão para uma sistematização e apresentação à Reitora de forma detalhada; 4) GT Trabalhista – consultou ao departamento jurídico da ADUFMAT sobre problemas relacionados ao excesso de encargos dos docentes que ultrapassam as 40h/semanais regulamentadas em lei e aos profissionais que ocupam cargos e funções gratificadas, mas não recebem nada por isso, entre outras irregularidades trabalhistas; 5) GT Políticas Públicas – está organizando a campanha em favor da criação da Universidade Federal de Rondonópolis, atualiza o Projeto a ser entregue ao MEC e faz a interlocução com os políticos, os meios de comunicação e a sociedade da região sul de Mato Grosso.
            Nas semanas entre os dias 12 e 16 de setembro, os membros das Comissões se reuniram para dar andamento aos trabalhos.
            Quanto ao movimento que durou mês, não há dúvidas de que houve um avanço no campo trabalhista e nas possibilidades do Campus de Rondonópolis se firmar rumo à sua autonomia.
            Não alcançamos tudo o que desejávamos, mas, na atual conjuntura sabemos que alcançamos o máximo que as nossas forças permitiram.
            Por isso, a luta continua, companheiros.